quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Roberto Carlos na Globo


            


                                         ESSE CARA SOU EU!

                                         (Alfredo Werney)


            Há muito tempo não tinha visto nada tão ridículo como a cena em que Roberto Carlos cantou com Michel Teló na Rede Globo. Sinceramente, passei muito tempo me questionando: Para quê dar um arranjo “portentoso” para uma musiquinha de quinta categoria como “Ai se eu te pego”? E ainda assim, querer dançar com aquele corpo robótico e desengonçado? Tenha santa paciência! Jesus Cristo! A única explicação plausível, alem do fato se sabermos que se trata de uma estratégia mercadológica de arrecadação de lucros vultosos para a TV, é que estamos viciados no ridículo....O ridículo e o kitsch nos interessa mais do que as coisas bonitas e inteligentes. Ser banal e ridículo hoje em dia é um dos ingredientes mais importantes para o sucesso.

            Tenho muito respeito pelas canções de Roberto, embora esteja consciente de que elas não são profundas e nem decisivas para a história de nossa MPB. Ainda assim, acredito que são importantes pela força comunicativa que possuem e por estarem presente no imaginário das pessoas que apreciam nossa paisagem sonora popular. Basta observar que todos, independente de classe social e de nível cultural, sabem cantar as músicas do Rei. Elas são simples e fáceis de assimilação, impregnam na memória. E, algumas vezes, são muito bem construídas musicalmente.

            Porém, sejamos sinceros: não dá mais para aguentar o Roberto Carlos vestido de branco no Natal e cantando na Globo. Alguns poderiam contra-argumentar: É só desligar a TV! Mas o fato é que não é tão fácil assim se desvencilhar do programa: em qualquer bar, lanchonete, casa de parentes e amigos, espaço cultural, lá está o cantor segurando o pedestal do microfone com sua indumentária branca. Por que insistir no que já passou, enferrujou e deteriorou? Nossa MPB se modificou, incorporou novos elementos estéticos e elaborou diferentes interpretações para a nossa cultura. Lenine, Guinga, Chico César, Rita Ribeiro, o movimento Mangue Beat, o Rappa e outros mais estão produzindo obras de grande valor artístico. São músicos  e bandas que realmente têm coisas novas para nos dizer através de suas paisagens sonoras.

            As emoções são tantas, mas já se passaram. Já vivemos momentos lindos ao lado das canções do Rei, mas toda beleza se finda – até mesmo na Arte, contrariando Leonardo da Vinci, que dizia que a beleza morria no homem, mas não na arte. Existem outros caminhos em nossa música. A verdade é que nas curvas da estrada de Santos eu não vou mais passar. Não vou mais. Em suma: se tem alguém que não suporta mais o Roberto Carlos de branco na Rede Globo, esse cara sou eu!

2 comentários:

  1. Você pergunta porque insistir no que já passou, e acaba respondendo no primeiro parágrafo "Arrecadação de lucros vultosos para a TV",simples assim.Uma pena.

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  2. O único equívoco é achar que o Roberto Carlos representa a MPB.

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