ESSE CARA SOU EU!
(Alfredo Werney)
Há
muito tempo não tinha visto nada tão ridículo como a cena em que Roberto Carlos
cantou com Michel Teló na Rede Globo. Sinceramente, passei muito tempo me questionando: Para quê dar um arranjo “portentoso” para uma musiquinha de quinta categoria
como “Ai se eu te pego”? E ainda assim, querer dançar com aquele corpo
robótico e desengonçado? Tenha santa paciência! Jesus Cristo! A única explicação plausível, alem do fato se sabermos que se trata de uma estratégia mercadológica de arrecadação de lucros vultosos para a TV, é que estamos viciados no ridículo....O
ridículo e o kitsch nos interessa mais do que as coisas bonitas e inteligentes. Ser banal e ridículo hoje em dia é um dos ingredientes mais importantes para o sucesso.
Tenho
muito respeito pelas canções de Roberto, embora esteja consciente de que elas não
são profundas e nem decisivas para a história de nossa MPB. Ainda assim, acredito
que são importantes pela força comunicativa que possuem e por estarem presente
no imaginário das pessoas que apreciam nossa paisagem sonora popular. Basta observar
que todos, independente de classe social e de nível cultural, sabem cantar as
músicas do Rei. Elas são simples e fáceis de assimilação, impregnam na memória. E, algumas vezes, são muito bem construídas musicalmente.
Porém,
sejamos sinceros: não dá mais para
aguentar o Roberto Carlos vestido de branco no Natal e cantando na Globo. Alguns
poderiam contra-argumentar: É só desligar a TV! Mas o fato é que não é tão fácil
assim se desvencilhar do programa: em qualquer bar, lanchonete, casa de
parentes e amigos, espaço cultural, lá está o cantor segurando o pedestal do microfone
com sua indumentária branca. Por que insistir no que já passou, enferrujou e
deteriorou? Nossa MPB se modificou, incorporou novos elementos estéticos e
elaborou diferentes interpretações para a nossa cultura. Lenine, Guinga, Chico
César, Rita Ribeiro, o movimento Mangue Beat, o Rappa e outros mais estão
produzindo obras de grande valor artístico. São músicos e bandas que realmente têm
coisas novas para nos dizer através de suas paisagens sonoras.
As
emoções são tantas, mas já se passaram. Já vivemos momentos lindos ao lado das
canções do Rei, mas toda beleza se finda – até mesmo na Arte, contrariando
Leonardo da Vinci, que dizia que a beleza morria no homem, mas não na arte. Existem outros caminhos em nossa música. A verdade é que nas curvas da estrada de Santos eu não vou mais passar. Não vou mais. Em suma:
se tem alguém que não suporta mais o Roberto Carlos de branco na Rede Globo, esse cara sou eu!
Você pergunta porque insistir no que já passou, e acaba respondendo no primeiro parágrafo "Arrecadação de lucros vultosos para a TV",simples assim.Uma pena.
ResponderExcluirO único equívoco é achar que o Roberto Carlos representa a MPB.
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