domingo, 27 de junho de 2010

Um poema de Mario Benedetti (Uruguai, 1920 – 2009)


EL PUENTE


Para cruzalo o para no cruzarlo

ahí está el puente


en la otra orilla alguien me espera

con un durazno y un país


traigo conmigo ofrendas desusadas

entre ellas un paraguas de ombligo de madera

un libro con los pánicos en blanco

y una guitarra que no sé abrazar


vengo con las mejillas del insomnio

los pañuelos del mar y de las paces

Ias tímidas pancartas del dolor

las liturgias del beso y de la sombra


nunca he traído tantas cosas

nunca he venido con tan poco


ahí esta el puente

para cruzarlo o para no cruzarlo

yolIo voy a cruzar

sin prevenciones


en la otra orilla alguien me espera

con un durazno y un país

*

A PONTE

Tradução de Wanderson Lima.


Para cruzá-la ou não cruzá-la

aí está a ponte


na outra margem alguém me espera

com um pêssego e um país


trago comigo dádivas sem uso

entre elas um guarda-chuva de umbigo de madeira

um livro com os pânicos em branco

e um violão que não sei abraçar


venho com as faces da insônia

os lenços do mar e das pazes

os tímidos cartazes da dor


nunca trouxe tantas coisas

nunca vim com tão pouco


aí está a ponte

para cruzá-la ou para não cruzá-la

eu vou cruzar

sem prevenções


na outra margem alguém me espera

com um pêssego e um país


(BENEDETTI, Mário. Inventario Dos (Poesía completa 1986 – 1991). Buenos Aires: Editorial Sudamérica, 1993, p. 284).



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